"Livro destinado a descarregar milhares de partículas enfusadas no cérebro, que nos deixam
muitas vezes embriagados com tanta reflexão"
Regilson Marques
Este livro é dedicado:
_A todas as pessoas que estiveram ou estão dentro de um quarto chamado solidão. E que
buscam constantemente abrir a porta e sair para o mundo sem perder sua essência.
_Aos meus pais que lutaram para que pudesse sobreviver aos primeiros obstáculos
da minha vida.
_As mulheres que me fazem sempre sair do “quarto da solidão”: Janete (esposa) e Janíni
(filha).
Prólogo
Quando a mente é invadida por milhares de pensamentos o nosso corpo transita em várias
estradas e os diversos sentimentos são colocados a deriva em nosso cérebro;
Fazendo com que os neurônios fiquem sobrecarregados e exaltem nossas afirmações,
medos, angústias e reflexões através de ações que nem a máquina humana poderia prover.
Somos psicólogos de nós mesmos, mesmo que na loucura. Quando as palavras ficam
soltas na nossa mente precisamos de mais palavras; “Palavras chaves” que venham a
nos colocar diante de uma indagação.
Sempre perguntamos; Já parou pra pensar Sempre perguntamos; Já parou pra pensar
nisso? As respostas existem, mas não a utilizamos de maneira correta e constantemente
buscamos um remédio para as dores de cabeças no ato de pensar, refletir, processar e
agir.
“As palavras soltas no ar poluem o pensamento das pessoas alterando o seu
cotidiano.”
“As palavras fixadas em algum lugar atraem aqueles que sintonizam o mesmo
pensamento e ferem os sentimentos daqueles que ironizam os seus próprios pensamentos.”
***** ***** *****
UM DIA
Um dia...
Um dia a deixo!
Ela que me faz rir, chorar...
Até lamentar.
As vezes me sufoca, me incomoda.
Hoje me faz esperto, cheio de ideias, amanhã
um idiota com dor de cabeça.
Um dia...
Um dia eu a largo em qualquer canto!
E mesmo se a ver, não vou desejar!
Chega! Basta! Quero viver sem ela;
E não existe ninguém, além dela, que me faça
pensar ao contrário.
E se ela quiser ficar; Que fique!
Mas, não dou à mínima!
Pois se estou feliz sem a minha SOBERBA...
Juro que nunca mais volto pra ela!
A TRISTEZA
“Atristeza é a cantiga mais entoada pelo
ser humano”
Quando sozinho: triste!
Mas, muito mais triste quando acompanhado.
Em lugares distantes: Triste!
Mas, bem mais triste quando perto.
Difícil chorar...
O jeito é lamentar.
Lamentar de quê?
Se ninguém há de responder!
Respostas?
Ah!... Se eu as tivesse...
Venderia!
Vender é o nosso negócio!
Vendemos contentamento e só ganhamos
tristeza.
Tristeza minha;
Tristeza sua e até aqueles que sorriem dizem
rir pra não chorar.
Toda esta lamúria vem do coração.
Coração que reclama se bate mais forte;
Coração que silencia quando a morte chega.
Mas o que ficou?
Respondo mesmo que consternado: A tristeza
ADVÉRBIOS
Se eu pudesse?
Mas se eu tivesse?
Todavia não tenho!
Entretanto posso ter!
Portanto, porque não faço?
Diminuído por causa dos advérbios da vida.
Será que eles podem mandar em mim?
Eu posso!
Eu quero!
Eu desejo!...
Mas espere um minuto...
Pois, já não sei se quero...
FELICIDADES
Afelicidade ainda é passageira!
Por que sonhamos? Por que não realizamos?
Por que sentimos e não ousamos?
Ser feliz é beber lágrimas, comer o pão da
estrada e entregar-se novamente ao acaso.
É sentir o sol. Mais sentir mesmo!!!
Ao ponto de queimar as angústias e sair
iluminado e iluminando.
Bom seria ser feliz sem precisar ter;
Bom seria ser feliz sem precisar sorrir para
falsear as angustias.
Felicidade...
Estranha obsessão! Tão distante e...
Ainda meio que tristes somos felizes
FALAR
Como falar!
Tens algo a dizer?
Comenta e nem sabe... Mas diz sem pensar .
O verbo crucifica!
A língua deleita sobre o céu sem cama para se
deitar.
Tenhas dó da dor;
Mas não me fale do horror...
De falar sem pensar
Quem chora sabe;
Quem fala não conhece;
E falo só por falar!
E se eu soubesse pensar...
Não falaria!
ESPERO
Espero um dia voltar;
Espero filas sem parar;
Espero pela janela o ladrão entrar.
Espero que nunca falte comida;
Espero que nunca falte bebida;
Espero aquela rapariga!
Espero não ter dor de barriga.
Espero que chores por mim;
Espero um rio...
Espero um lago...
Espero um abraço.
Espero que você morra;
Espero que ninguém te socorra;
Espero que na vida você sofra!
Espero até cansar de esperar.
Espero que tudo acabe como é esperado.
Espero, espero
Espero só por esperar!
CEGUEIRA
Luz nasceu! Era como uma gratidão.
Nos palácios te perdi e de tão altos não
conseguir viver com você.
Você não ter é melhor do que perder;
“Se não tiver razão.”
Luz nos olhos de quem chega e tem coragem
de ver;
Se a vida é tão simples como colher grãos em
plena multidão;
Mesmo se não houver razão.
Se um sorriso brilhar lá no alto é sinal da
esperança de voltar só pra mudar minha
opinião.
“Razão não sei.”
Talvez compaixão ou apenas ilusão.
E canto em voz suave:
“Queria voar bem alto pra levitar em teus braços e
não conter a alegria da minha euforia por enxergar
esta luz que por agora me seduz".
PERDER
Perder algo.
Perder alguém.
Perder o tempo.
Perder a saúde.
Perdemos a todo o momento!
E mesmo que nos achem... Estamos perdidos!
Se ganhássemos?
Seria por graça;
Por caridade;
Por interesse;
Por vaidade;
Por leviandade.
Na duvida prefiro perder;
Para valorizar o que já não tenho.
Até que um dia eu possa merecer.
ENVELHECER
Aboca amarga;
O vento sopra;
E você não volta.
Se as nuvens dão forma...
A minha imaginação.
Meu pranto é de perdão
A velha esquina;
Os velhos amigos;
Lembro ainda dos inimigos;
Por ficar sozinho;
Por ir só;
Por voltar
desamparado;
A quem me diga
Que sou sábio...
Mas não a quem me
escute!
Aqui sentado ou deitado;
No quadrado...
Só tenho os lados.
Da parede fiz orelha;
Do chão o céu;
Das dores
a dívida;
Da porta a despedida.
Se minha memória
Já não me falha mais
Acho que nem me lembro mais...
Quem sou?
Por que estou?
Mas sei quem me deixou.
E se deixou não importou;
Nem se quer lembrou.
TEMPO PRA PENSAR
Meu tempo é tudo!
Meu tempo é meu!
Ou não?
Não tenho tempo para perder tempo.
Se parar o tempo...
Espero um momento.
Se começar o tempo
Peço pra continuar, mas depois de algum
tempo.
Quando não tenho tempo...
Penso!
Quando penso, já não tenho tempo...
Tempo pra que?
Penso pra que?
Pensar em um momento onde o tempo já não
serve para pensar e sim para agir!
Preciso pensar como arranjar um tempo!
Ou um tempo pra ver o que pensar.
Se o tempo me pedir para pensar...
Juro que lhe dou um instante.
“Instantes são como séculos, passam e quando
você menos espera, mudam a sua vida”
“NÃO RESPONDA NUNCA,
MEU AMOR...”
Eu que ando desatento no mundo e não
espero a morte chegar.
Eu que faço tudo pra perder o tempo e mesmo
em desespero quero encontrar;
Encontrar você...
Eu que não me acho prevenido com tanta
besteira que ouço ou ouvi falar
Onde você está? Que não vem me ver!
Eu que não tenho amigos e não bebo na porta
do bar.
Faço da minha cabeça uma rua barulhenta e só
vejo você gritar: Deixa-me ser feliz!
Eu que não fico sozinho no apartamento só
esperando você chegar.
Quando você voltar, eu vou sair pelo mundo a
fora só pra sacanear!
Quem é você que não manda notícias e me
deixa a esperar a droga do telefone tocar...
Ou uma notícia no jornal ao meio dia;
Será você vai estar lá?
Quem é você?
Que não me deixa ser feliz...
Que não sabe o que é ser feliz...
Eu que acho o mundo até normal.
E vejo cenas na TV que não me comovem e
nem despertam o meu interesse de mudar.
E quando você chegar em casa, traga a minha
cachaça!
Quero me entorpecer e vender você a preço
barato junto aos meus pedaços...
Eu acabado!
Ao chegar, e se chegar só vai encontrar um
recado caído no chão, em frente à televisão:
“Um dia acreditei que você responderia aos
lamentos desse canto, em desespero, de um trovador
que nasceu por mera fatalidade e continuo a me
perguntar: Quem é você?
DÚVIDAS
Estou confuso, equivocado, desconfiado
ou simplesmente com dúvida?
Ela mata aos poucos...
Lhe absorve...
Te desconcentra...
Te atormenta.
Sofro por pensar; E como sofro...
Sofro só em pensar!
E penso só porque tenho dúvidas
Tentar? Talvez! Mas se...
Penso uma, duas, três, quatro, cinco e com o
passar do tempo já estou até com dúvidas se
tenho realmente dúvidas.
Espere! Tudo tem solução!!!
-Diga isto a elas!
Duvido até de mim mesmo.
E se outros duvidam de mim, me testam...
E se me testam... Me detestam!
“Ô dúvida cruel”
Será quem disse isto estaria mesmo com
dúvida ou tinha resolvido ela?
Fazer ou não? Mas fazer o que?
Sei lá...
Começo a me sentir novamente com dúvidas.
Matematicamente há horas, há dias,
Já faz algum tempo que estou a pensar:
-Se nas questões de matemática existem
dúvidas de devemos somar, dividir, subtrair,
multiplicar;
Imaginem na matemática da vida!
E termino com dúvida, se por acaso minhas
dúvidas acabaram-se...
A DESPEDIDA
A moça
Não quero lamentar!
Não quero chorar!
Não quero lágrimas!
Meus olhos não enxergam a dor,
Pois a dor já passou;
Assim como o amor.
Já me bastas à mala arrumada.
As roupas no chão.
E o cabide empendurando o meu coração.
Se pudesse iria...
Mas não posso deixar tudo;
Ao menos o que resta.
A música de nossa vida.
A foto mais querida.
A briga na despedida...
Lembre-se de mim.
Mas lembre com raiva!
Por ter me deixado...
As lágrimas que agora tocam o chão
Vão secar, assim como a minha paixão...
A DESPEDIDA II
O moço
Voltar para os teus braços?
Loucura... Nunca!
Loucura minha foi te perder;
Aflito navego no teu rosto;
E sinto meu barco afundar em tuas lágrimas.
Traição? Não!
Cansaço... Cansei de ser Seu e não ser Eu
Pedi um tempo pro resto da vida.
Perdi você muito antes...
Da despedida.
Em desespero atirei-me;
No pélago de tuas fantasias.
A água sufoca minha garganta...
Evitando mais uma lamentação;
Ou será a água de teu desmesurado oceano
Que me afoga?
Não consigo respirar...
Não sinto teu corpo, não sinto teu coração...
Agora acho que realmente acabou!
Ao menos por agora...
A VERDADE
Tu és única.
Sobreviventente ao acaso.
Me faz sentir o gosto da vida.
Vida de sonhos e promessas.
Não sejas iludida pelo semblante de outros.
Não me faças retornar a escuridão.
A mente processa inclinação;
Para cair nas nuanças da existência.
E se meu coração declinar caio nos teus braços.
Tu és simples quando pensa, quando fala...
Mas se faz de orgulhosa só pra se mostrar aos
incrédulos.
Minha Verdade;
Tu és única, mas não absoluta!
A
DANÇA DOS
SENTIMENTOS
A cólera ainda mora nos corações gelados;
E a ternura hiberna embaixo de rochas;
O amor transita no coração;
A paixão povoa sentimentos e mata a cada
estação.
Se ódio e o orgulho andam lado a lado;
A inveja e o egoísmo já se casaram.
A vingança não deixa o prato esfriar;
Como-se quente e esfria-se com um balde de
ignorância.
Mas um dia tudo vai mudar:
A raiva vai sentir medo;
A ternura acordará para a vida;
O amor terá casa própria;
A vingança será trocada pela justiça;
A paixão levará o ódio, o orgulho, o egoísmo,
a inveja para a loucura.
E se tudo isto não acontecer...
Ficarei com a esperança!
O ENCONTRO
Em uma velha estrada encontro você.
Sorridente, ávida, sincera.
Em meio às pedras vejo flores.
Em um jardim onde a intolerância já não
preexiste...
Com ou sem violas cantei a vida;
Em tons brandos, em tons fortes;
Mas sem perder a melodia.
Já não sinto amargura, nem agonia;
Escrevo livre, escrevo por gostar...
E não por precisar.
O espaço é pouco
As linhas são curtas, mas cantei...
Bradei...
Respondi do fundo do meu coração...
Sim!
E até o último refrão...
Onde meus versos brincam com os
sentimentos;
Trouxe você bem mais perto de mim.
Pois sempre acreditei...
Que subiria no palco novamente e te diria:
Como é bom Viver!
UM QUARTO CHAMADO
SOLIDÃO
Solidão, bendita solidão!
Só?... Não!
A música é a condução;
Os móveis os obstáculos;
A porta fechada o meu troféu.
Tenho liberdade!
A tão sonhada liberdade.
Meus pensamentos preenchem o ambiente
Alguns saem pela frecha da janela;
Outros por debaixo da porta;
Outros sobem ao teto e caem em forma de
dúvidas.
Neste quarto o mundo é meu!
Minhas idéias não afrontam a ninguém;
Meus devaneios não gritam com ninguém.
Entender-se e entender os outros...
Divina proposta!
Choro, danço, grito;
Mas estou bem!
Não precisa abrir a porta.
Pois quando achar que devo sair
Eu saio!
E saio muito bem!
E tudo vai mudar, ao menos pra mim;
Que sofri, passei, pensei e venci...
A mim mesmo.